terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Um dia após tragédia, polícia prende 4 e juiz bloqueia bens de donos de boate


Um dia após tragédia, polícia prende 4 e juiz bloqueia bens de donos de boate


Um dia após a tragédia que matou 231 pessoas e feriu 129 em Santa Maria (RS), quatro pessoas foram presas: dois...


























Um dia após a tragédia que matou 231 pessoas e feriu 129 em Santa Maria (RS), quatro pessoas foram presas: dois sócios da boate Kiss e dois integrantes da banda que se apresentava no momento do incêndio. Três deles - o empresário Elissandro Spohr, o vocalista Marcelo de Jesus dos Santos e o carregador de instrumentos Luciano Bonilha - haviam saído da cidade, por medo de serem linchados, e foram detidos de manhã. O outro sócio da boate, Mauro Londero Hoffmann, se apresentou à polícia à tarde e também foi preso. Spohr estava em Cruz Alta, a 132 km de Santa Maria. Santos e Bonilha foram encontrados em Malta, a 80 km.

Bonilha é acusado de acender o "sputnik", fogo de artifício que solta faíscas brilhantes e deu início ao fogo. À polícia, no entanto, ele não admitiu tê-lo acionado. "O que temos de concreto é que o sinalizador foi usado e as portas não deram vazão à saída das pessoas", disse o delegado Marcelo Arigony.

Segundo ele, a prisão temporária das quatro pessoas contribuirá para a investigação. Os sócios da boate são acusados de não apresentar imagens das câmeras de segurança nem registros do caixa, que poderiam configurar a superlotação na casa - com capacidade para mil pessoas, a polícia estima que a Kiss abrigava 1,5 mil na hora do incêndio. Já os músicos foram detidos por terem saído da cidade. "Se eles forem os responsáveis, serão punidos. Foram presos para investigação", afirmou.
À noite, o juiz de Santa Maria Afif Jorge Simões Neto acatou pedido da Defensoria Pública gaúcha para tornar indisponíveis o patrimônio dos sócios. O objetivo é garantir eventuais indenizações às famílias dos mortos e de pessoas que sofreram danos físicos e morais.
Ontem, só no Cemitério Ecumênico Municipal de Santa Maria 82 jovens foram enterrados. As covas foram cavadas por 150 soldados do Exército, antes de o sol nascer. Nas ruas da cidade, quase todas as lojas tinham uma fita preta na porta, em luto pelos mortos. À noite, 15 mil pessoas vestidas de branco caminharam silenciosamente da boate ao ginásio onde os corpos foram velados. O protesto foi organizado por estudantes da Universidade Federal de Santa Maria. Participaram também centenas de voluntários de várias partes do País que se revezam em 
diferentes áreas para ajudar as famílias das vítimas.

De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, 75 feridos ainda estão em estado crítico nos hospitais. E a pneumonia química ameaça mesmo quem conseguiu escapar, mas teve contato com a fumaça tóxica. Em Brasília, a presidente Dilma Rousseff cobrou mais fiscalização em locais fechados com concentração de pessoas. E o presidente da Câmara, Marco Maia, disse que vai criar uma comissão para redigir proposta de lei nacional de segurança em edificações. / DIEGO ZANCHETTA, ELDER OGLIARI, LUCAS AZEVEDO E TÁSSIA KASTNER, ESPECIAL PARA O ESTADO

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