quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Servidores públicos ganham horas extras sem trabalhar em garagem da prefeitura de Caxias do Sul


Servidores públicos ganham horas extras sem trabalhar em garagem da prefeitura de Caxias do Sul

Alguns funcionários também usam veículos para fins particulares


Servidores públicos ganham horas extras sem trabalhar em garagem da prefeitura de Caxias do Sul Juan Barbosa, Agência RBS/
Servidor é flagrado no pátio da garagem da prefeitura. Naquele momento, expediente já havia encerrado há 45 minutos. Ele só deixa o local uma hora e 15 minutos e registra a saída como hora extra
Durante uma semana, o Pioneiro acompanhou a movimentação na garagem da Secretaria de Obras, na Rua Visconde de Pelotas, ao lado da agência do INSS, em Caxias do Sul, e constatou: funcionários ganham horas extras sem trabalhar e usam veículos do município para fins particulares.

A jornada de trabalho para os servidores públicos daquele setor, que fica no bairro Pio X, termina sempre às 17h30min. Depois desse horário, não há muito o que fazer. Entretanto, alguns servidores concursados permanecem no setor além do expediente apenas para receber horas extras com autorização da prefeitura. Detalhe: esses trabalhadores permanecem parados, sem ocupação, esperando as horas passar

Essas e outras irregularidades foram denunciadas por dois funcionários que convivem com o esquema há mais de um ano. A garagem da Visconde de Pelotas reúne caminhões e carros empregados para o transporte de cargas e pessoas, além de retroescavadeiras e tratores.

Como não há controle sobre as atividades dos trabalhadores ou sobre os veículos públicos, vários servidores cumprem o período extra remunerado jogando cartas ou conversando. Outras registram a entrada no serviço e voltam para casa, só retornando à tarde para encerrar o expediente.

Em alguns casos, carros e caminhões servem a fins particulares. Um motorista, por exemplo, usa o caminhão da prefeitura para vender e entregar vinhos em benefício próprio. 

O novo secretário de Obras, Adiló Didomenico, foi alertado sobre os problemas. Indignado com a situação, Didomenico reuniu os chefes das equipes e advertiu sobre as irregularidades. Recentemente, a prefeitura anunciou o corte de horas extras em diversos setores para disciplinar o serviço público, sem relacionar a medida aos abusos.

Sabe-se, porém, que as portarias serão revogadas a partir do dia 1º de fevereiro, para combater os excessos. Na terça-feira, Adiló anunciou a implantação de um programa de monitoramento da frota da secretaria até o fim do ano.

Um dos funcionários, que pede o anonimato por temer represálias, diz que as horas extras são pagas indevidamente há mais de um ano:

Até outubro, todo mundo batia o ponto em cartão de papel. Então, um funcionário de cada equipe ficava responsável por bater o cartão para os outros. Enquanto os colegas iam para casa, alguém ficava até sete, oito da noite para bater o cartão para todo mundo. Eu já fiz isso várias vezes. Os chefes das equipes têm conhecimento disso e também fazem. Todo mundo ganha. Agora ficou mais difícil, por um lado, mas continua fácil fazer hora extra sem trabalhar. A prefeitura colocou relógio (biométrico) em que vai a digital do dedo. Não tem como alguém fazer o rolo para os colegas. Ainda assim, o pessoal bate o cartão depois do horário sem necessidade. É só ficar parado lá no pátio, dentro dos pavilhões e esperar o tempo necessário para cumprir a jornada e outro tempo para a hora extra. Não dá nada mesmo.
Fonte: PIONEIRO

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