quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Revestimento para isolamento acústico da boate Kiss era inadequado


Revestimento para isolamento acústico da boate Kiss era inadequado

Material utilizado no forro da casa noturna violava lei de prevenção e proteção contra incêndios de Santa Maria

Entre as vítimas do incêndio da boate Kiss, a maior parte morreu asfixiada pela inalação de gases tóxicos. Se o local fosse revestido com material não inflamável, essas vítimas teriam mais chances de sobreviver ao incêndio. O material usado no forro da boate violava a Lei Municipal 3.301, de 1991, que trata de prevenção e proteção contra sinistros em Santa Maria.
Autoridades do Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícia de Engenharia do Rio Grande do Sul (Ibape) que estiveram no interior da Kiss afirmam que o revestimento acústico não era apropriado e foi um dos motivos para a rápida expansão do fogo. A Polícia Civil apura a razão de o uso do material não ter sido questionado pelos responsáveis pela vistoria, uma vez que a casa tinha alvará de funcionamento da prefeitura e auto de vistoria do Corpo de Bombeiros, vencido em novembro.
Doutor em Acústica de Salas e Conforto Ambiental, José Augusto Mannis explica que o emprego de materiais alternativos ou com especificações insuficientes não é recomendado. Segundo ele, normalmente é necessário verificar se o material é autoextinguível.
— A escolha de uma material com melhor desempenho poderia ter poupado muitas vidas — lamenta Mannis. 
Especialistas pedem mudança na lei
Os materiais de revestimento obedecem a especificações técnicas como a norma NBR 9.442/1986, que prescreve o método para determinar o índice de propagação de chama em materiais de construção, e a NBR 9.178, que trata sobre a determinação da velocidade de combustão de espumas de poliuretano. Na falta dessas informações, explica o especialista, a segurança do local não pode ser assegurada.
Fabricante de revestimentos acústicos, o diretor da empresa OWA Luciano Marcolino diz que a norma que regulamenta o setor é válida para todo o território nacional, porém as instruções para aplicação podem variar de acordo com a conduta de cada Estado.
De posse de documentos como a licença de operação, uma comissão de cinco especialistas do Ibape fará, nos próximos dias, a perícia para avaliar se a situação da boate estava de acordo com a legislação, explica o presidente da entidade, Marcelo Saldanha. 
A Sociedade Brasileira de Acústica (Sobrac) manifestou-se em carta, pedindo agilidade na aprovação de projetos de lei federais e na criação de uma Comissão Especial de Estudos de Acústica para que se harmonizem e publiquem mais normas técnicas específicas.

 

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