terça-feira, 19 de março de 2013

Senado analisa alterações no FPE que podem tirar verbas do Rio Grande do Sul

Senado analisa alterações no FPE que podem tirar verbas do Rio Grande do Sul

Congresso prevê votar critérios diferentes para repasses, que teriam redução de 30% em 10 anos


Senado analisa alterações no FPE que podem tirar verbas do Rio Grande do Sul Pedro França/Agência Senado/Divulgação
Para pôr projeto em pauta, será preciso acordo de líderes e a aprovação de requerimento de urgência 

Previsto para ser votado nesta terça-feira no Senado, o projeto que define os novos critérios de distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE), equivalente a cerca de 5% da receita total do Rio Grande do Sul, deverá confirmar um cenário de perda futura de recursos para o Piratini.

A redução deverá ocorrer somente após 2017, devido ao período de transição em que serão mantidos os atuais volumes de transferências. Depois, contudo, o encolhimento da participação gaúcha no fundo poderá chegar a 30% em 10 anos.

Os critérios estão sendo modificados por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que estabeleceu prazo até o final de 2012 e, posteriormente, concedeu um aditivo de 150 dias para análise da proposta. Definidas em 1989, as atuais regras deveriam ser transitórias, submetidas a revisões temporárias.

Relator da matéria, o senador Walter Pinheiro (PT-BA) irá apresentar o texto final do projeto somente na sessão de terça-feira do Senado. Para colocá-lo em pauta, será preciso o acordo dos líderes de bancada e a aprovação de um requerimento de urgência.

Capitalizado pela arrecadação do IPI e do Imposto de Renda (IR), o FPE trabalha com a lógica de distribuir renda para as unidades da federação mais empobrecidas. As regiões Sul e Sudeste respondem por 80% da arrecadação para o fundo, mas se beneficiam com apenas 15%. Como se passaram mais de 20 anos em relação à definição original das regras, há distorções como o fato de Bahia, Pernambuco e Ceará 

— Estados com crescimento econômico elevado nos últimos anos — figurarem entre os maiores beneficiários da política.

Perdas seriam suficientes para duplicação de 80 quilômetros

O Rio Grande do Sul, atualmente, é destinatário de 2,35% dos cerca de R$ 70 bilhões que compõem o FPE. Em 2013, o mecanismo deverá injetar R$ 1,6 bilhão nos cofres gaúchos. Após 2017, a parcela do Estado deverá cair para 1,73% do montante. Pelos cálculos da Secretaria da Fazenda, considerando os números de 2013, a queda na arrecadação do Estado seria de R$ 400 milhões, valor equivalente a duplicação de 80 quilômetros de estrada.

— Estamos atentos. Vamos lutar para que não haja perda. Não tem razão para reduzir o nosso percentual porque ele já é pequeno — afirma o secretário-adjunto da Fazenda, André Paiva.

Alíquota única de ICMS será debatida

Com a presença do governador Tarso Genro e do secretário da Fazenda, Odir Tonollier, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado promoverá debate nesta terça-feira pela manhã sobre a unificação das alíquotas de ICMS para as operações entre Estados.

O projeto de resolução que tramita no Congresso prevê a redução gradual das alíquotas até o patamar único de 4% para todas as unidades da federação. A proposta é bem-vinda na avaliação dos articuladores políticos por atenuar os efeitos da guerra fiscal. Hoje, o Rio Grande do Sul vende mercadorias com ICMS de 12% para as regiões Sul e Sudeste. Para o Nordeste, Norte e Centro-Oeste, o imposto cai para 7%.
Como a redução de alíquota irá diminuir receitas — embora haja expectativa de ganhos com o enfraquecimento da guerra fiscal —, está em discussão a aprovação paralela de um fundo de compensação de perdas, onde a União depositará R$ 8 bilhões por ano para cobrir a queda dos valores.

— Nossa preocupação é com o período de transição, que vai fazer nossa alíquota cair antes da dos demais. No Sul e no Sudeste, vamos chegar a 4% em três anos. Já no Nordeste, Norte e Centro-Oeste, isso vai ocorrer em 12 anos. É um desequilíbrio muito grande. Entendemos que a transição deve ser equilibrada, com a queda da alíquota ocorrendo ao mesmo tempo para todos — explicou o secretário-adjunto da Fazenda, André Paiva.

Ele afirmou que ainda não é possível apontar com exatidão as perdas decorrentes da unificação do ICMS. O Senado planeja votar o projeto no dia 26, embora Paiva acredite que a discussão irá se estender por mais tempo.

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