Dia Internacional da Mulher: a luta esquecida das mulheres atrás das grades

“Ao mesmo tempo em que as mulheres detidas têm direito às mesmas proteções que os homens, elas têm direito a um tratamento especial devido às necessidades sociais, culturais e fisiológicas e aos papéis e às responsabilidades relacionadas com o seu gênero”, disse Catherine Deman, encarregada das atividades do CICV em benefício das detidas. “Mas a dura realidade é que, quase sempre, as suas necessidades não são levadas em consideração – talvez porque, na maioria das vezes, as mulheres constituem uma pequena minoria da população carcerária. Os presídios tendem a ser administrados por homens, para homens, e a atenção às necessidades das mulheres raramente recebe a consideração devida.”
Como as crianças podem acompanhar as suas mães nos presídios e mulheres grávidas podem ser detidas, é importante levar em conta as necessidades das crianças e das mães. Pelo menos, a segurança e a integridade das detidas devem ser garantidas. Além disso, as instalações do presídio devem ser organizadas para respeitar o bem-estar e a privacidade das mulheres e das crianças.
Devido à escassez de presídios que atendam mulheres, as detentas frequentemente são detidas longe das suas áreas de residência e do apoio vital de parentes e amigos. Além disso, quando as mulheres são as únicas provedoras da família, a sua detenção resulta inevitavelmente em enormes dificuldades para os seus dependentes.
“É essencial que as mulheres mantidas nos presídios mantenham o contato com os familiares, de modo a receber e prestar apoio, e com outros que possam representar um papel importante no seu retorno bem-sucedido à sociedade, uma vez que sejam liberadas”, disse Deman.
Em diversos países, o CICV ajuda as mulheres detidas a recuperarem a sua dignidade e a sua autonomia. No Paraguai, por exemplo, o CICV apoia a Cruz Vermelha Paraguaia, que dá às mulheres detidas treinamento em artesanato que pode ser comercializado, em parceria com o Instituto Nacional de Artesanato, desde 2009.
“O treinamento permite que as mulheres – quase todas mães – obtenham uma renda durante o período de encarceramento ao mesmo tempo em que lhes oferece oportunidades para um futuro melhor. Ajuda as detidas e as suas famílias a lidarem melhor – mental, econômica e socialmente – com a situação”, disse Deman.
“Deve-se buscar sempre uma alternativa à detenção, mas quando as mulheres devem ser mantidas atrás das grades, é responsabilidade das autoridades penitenciárias garantir que sejam tratadas com dignidade e mantidas em condições decentes, em todos os estágios de detenção”, disse Deman. Uma variedade de instrumentos jurídicos internacionais estabelece parâmetros para o tratamento de mulheres detidas com o objetivo de protegê-las, manter a sua dignidade e a sua privacidade em conformidade com as necessidades especiais que têm por causa do seu gênero.
“Deve-se fazer todos os esforços para garantir que as disposições estabelecidas no Direito Internacional Humanitário e no Direito Internacional dos Direitos Humanos sejam respeitadas”, reforçou Deman.
No mundo inteiro, o CICV visita cerca de 500 mil detidos por ano, com o objetivo de impedir ou pôr fim à tortura, aos assassinatos extrajudiciais, aos desaparecimentos e a outras formas de maus-tratos, e de melhorar as condições de detenção. Nessas visitas, o CICV monitora a situação de grupos vulneráveis com necessidades específicas, incluindo mulheres e crianças.
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