domingo, 3 de fevereiro de 2013

A um ano e oito meses da sucessão de Dilma, oposição tenta encontrar um rumo


A um ano e oito meses da sucessão de Dilma, oposição tenta encontrar um rumo

Com discursos dissonantes, partidos contrários ao PT ingressam em 2013 ainda sem candidato

A um ano e oito meses da sucessão de Dilma, oposição tenta encontrar um rumo WILSON PEDROSA/ESTADAO/CONTEUDO
Principal nome da oposição para 2014, Aécio Neves (em pé) demora a se posicionar como candidato
Letárgica na primeira metade do governo Dilma Rousseff, a oposição tenta despertar.
Sem rosto, discurso e carente de articulação, sabe que precisa se encontrar para impedir que o PT confirme o quarto mandato consecutivo no Palácio do Planalto.
Principal vertente de resistência, o PSDB reconhece as dificuldades criadas pela falta de sintonia. A oposição tradicional, formada ao lado de DEM e PPS, não consegue minar a popularidade de Dilma, apesar do fraco desempenho da economia e do protagonismo do julgamento do mensalão, que condenou petistas ilustres, na agenda nacional. Isoladas pela ampla base aliada no Congresso, as siglas também patinam para impor derrotas políticas ao governo.
— Em dois anos, nossas principais dificuldades no parlamento, Código Florestal e royalties, não foram obra da oposição, foram discussões mais amplas, como o atrito entre ambientalistas e ruralistas — avalia um integrante do alto escalão petista.
Na abertura do terceiro ano do governo Dilma, o cenário parece não ter mudado. A tentativa fracassada de impor um nome alternativo à candidatura do governista Renan Calheiros (PMDB-AL) à presidência do Senado é um exemplo. Sem um candidato, só referendou o apoio a Pedro Taques (PDT-MT) na quinta-feira, véspera da votação que reconduziu Renan ao cargo.
Discurso é pautado pela imprensa, diz analista
Parlamentares creditam os insucessos à falta de um líder que catalise as forças contrárias ao governo. Presidente tucano, o deputado Sérgio Guerra (PE) define 2013 como ano decisivo para que os partidos definam um presidenciável e afinem suas prioridades.
— Hoje a oposição peca por não ter um discurso nacional. Cada partido tem sua própria agenda — critica.
Resolver a lacuna da liderança é apenas parte dos problemas, avalia Pedro Fassoni Arruda, professor do departamento de Ciência Política da PUC-SP. Além de um contraponto ao PT, a oposição precisa trazer suas bandeiras para o debate nacional, saindo das asas da imprensa e do Ministério Público.
— Hoje temos uma oposição sem discurso e pautada pela imprensa. Se a gasolina sobe e os jornais batem, a oposição bate na carona — critica.
Partidos carecem de nomes fortes
Nome mais cotado para ocupar a lacuna de líderes da oposição, o senador Aécio Neves (PSDB) deixa a toca aos poucos, usando da mineirice que o mantém afastado de bolas divididas, evitando se indispor com siglas de envergadura, a exemplo do PMDB.
Presidente do DEM, o senador Agripino Maia (RN) é contrário à pressa na escolha do oponente de Dilma, justamente de olho em aliados insatisfeitos no governo. Ele considera fundamental "oxigenar" a tradicional aliança PSDB-PPS-DEM, seduzindo siglas da base aliada, como PDT, PTB e PP.
— Não se pode sentar para discutir tendo candidato posto. Nossa articulação precisa ser mais elástica — diz.
Aliado histórico dos tucanos, o DEM ganhou sobrevida com a conquista de ACM Neto em Salvador. Por outro lado, Marina Silva tenta criar a própria sigla e o PSOL articula chapa com chances nanicas de sucesso, liderada pelo senador Randolfe Rodrigues (AP).
Tal carência de nomes faz com que atuais aliados de Dilma, como o governador Eduardo Campos (PSB-PE), sejam capazes de assustar mais os petistas que os nomes da oposição.
A situação reforça uma convicção do professor Pedro Fassoni Arruda: depois do julgamento do mensalão, o Supremo Tribunal Federal (STF) goza de mais apelo junto ao eleitorado do que os partidos contrários ao PT.

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