Marcelo Arigony: um policial 24 horas por dia
Delegado Regional de Santa Maria coordenada a investigação de maior repercussão da história de Santa Maria
Natural de Santa Maria, filho de delegado, o titular da Delegacia Regional da Polícia Civil, Marcelo Arigony, é o responsável por coordenar a investigação de maior repercussão da história de Santa Maria. Desde os estudos, em escolas públicas, na infância, e na faculdade de Direito na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), na juventude, até a carreira na Polícia Civil, tudo aconteceu sempre muito rápido na sua vida profissional. Tanto que, atualmente, Arigony, 40 anos, diz não ter mais degraus a subir.
O primeiro trabalho foi aos 15 anos, no Banco do Brasil, como menor auxiliar. A aprovação em um concurso interno lhe permitiu seguir carreira na instituição, onde ficou por 10 anos. Enquanto isso, por influência da profissão do pai, ingressou no curso de Direito da Universidade Federal de Santa Maria. Na turma, colegas como o delegado Sandro Meinerz.
Em 1999, entrou para a Polícia Civil como delegado. Foi nomeado para a cidade de Rio Grande, onde ficou por poucos meses, e, em seguida, para Porto Alegre, onde também permaneceu por pouco tempo. Depois, retornou para a região central do Estado. Em Santa Maria, trabalhou em diversas delegacias como titular ou substituto.
— Tive uma carreira um pouco diferente dos meus colegas, muito rápida.
Apesar do cargo de gestão de delegado regional e de professor em instituições de Ensino Superior, Arigony assume um perfil operacional. Sua linha de atuação é confirmada pelas operações realizadas na região nos últimos dois anos: foram 15 em 2011 e 25 no ano passado. Entre elas, ele destaca a Harpia, de combate ao tráfico de drogas, em Tupanciretã, e a Teia, que desarticulou uma quadrilha que adulterava Carteiras Nacionais de Habilitação (CNH) em todo o Estado.
Ao longo desses 13 anos na Polícia Civil, diz ter conseguido alcançar o objetivo que tinha ao ingressar na carreira:
— Quando cheguei aqui pretendia fazer uma integração interna entre as delegacias e da polícia com as demais forças da cidade. Proporcionamos a troca de experiências entre os órgãos de segurança pública e buscamos implantar integração com outras instituições como a imprensa e a sociedade.
Quando questionado sobre características profissionais, elenca:
— Integração, operacionalidade e visibilidade às ações da Polícia Civil. Com essa feição mais amigável, com essa aproximação, as informações fluem, o trabalho é facilitado e as pessoas passam a confiar mais na polícia.
Mas, até mesmo a firmeza do delegado veio abaixo diante da dor das centenas de pessoas que perderam familiares e amigos no incêndio da Kiss. Durante um protesto por Justiça, Arigony se emocionou e não segurou as lágrimas.
— Perdi uma prima, de 18 anos. A minha família está consternada. Também perdi alunos. O que confortou mesmo foi ter ligado para minha filha às 4h daquele dia (domingo) e saber que ela estava bem. Tenho mais essa motivação. Vamos investigar tudo e todos os envolvidos até o final.
Sobre a repercussão mundial que teve em função do desastre, Arigony diz que, para o delegado, traz o reconhecimento das pessoas pelo trabalho da polícia, mas, para o cidadão, o acidente vem com uma situação de calamidade e muita tristeza.
No domingo, ele coordenou 70 policiais em tarefas nada fáceis:
— Fizemos a separação dos corpos, reconhecimento com mães desesperadas, emissão de atestados de óbito, recolhimento de perícias, liberação de corpos, tudo em 24 horas. Quando terminou, estavam todos esgotadíssimos e foram descansar. Nós não, aí começou nosso trabalho na essência.
Depois de três dias de intenso trabalho, dormindo entre duas e seis horas por noite, na quarta-feira ele pode rever a única filha, Ana Luiza, 18 anos, na casa dos pais dele em um almoço. A rotina, apesar de mais intensa, não é muito diferente da que os familiares estão acostumados. Solteiro, nos momentos de lazer, o delegado faz caminhadas, vai à academia, faz churrascos com amigos nos finais de semana e se diverte em boates. Mesmo assim, não consegue desvincular a profissão da vida pessoal.
— Vivo polícia 24 horas por dia, sexta, sábado e domingo. Quando era pequeno, tinha vergonha de ser filho de policial. Meu pai é a pessoa mais honrada que eu conheço, talvez destoe do resto, mas era pobre. Era feio ser policial. Quando entrei na polícia queria mudar isso e, hoje, a polícia mudou, está muito valorizada. Todos querem ser nossos amigos. Acho que faço parte desse processo. O que a gente pretendia, hoje consigo ver: a mudança na Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Quem é ele
FORMAÇÃO
— Nasceu em 19 de março de 1972, no Hospital de Caridade de Santa Maria
— Estudou na Escola Ensino Fundamental Professora Marieta D'Ambrozio e no Instituto Olavo Bilac
— Fez o Ensino Médio no Colégio Cilon Rosa
— Cursou Direito na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e estudou na Escola da Magistratura, em Porto Alegre
NA POLÍCIA CIVIL
— Fez concurso público para delegado e entrou para a Polícia Civil em 1999
— Atuou em Porto Alegre na parte correcional na Corregedoria de Polícia
— Foi chefe de gabinete do chefe de Polícia Civil do Estado
— Trabalhou na Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na 10ª e na 22ª delegacias e no Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc)
— Em 2010, foi delegado regional em Santiago durante um ano
— Voltou para Santa Maria como delegado regional, cargo que ocupa há dois anos
— Atualmente está no último estágio da carreira (quarta classe), é professor da Faculdade de Direito de Santa Maria (Fadisma), de um curso de Ensino à Distância (EAD) do Instituto Penal e da Academia de Polícia
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