quinta-feira, 25 de abril de 2013

Dilma pressiona Senado por lei de partidos,será que está com medo da Marina?


Dilma pressiona Senado por lei de partidos,será que está com medo da Marina?


Planalto mostra força e Casa acelera aprovação de proposta que dificulta criação de nova sigla de Marina e traz obstáculos a Campos


O Palácio do Planalto impôs sua força ao Senado e determinou a aprovação da urgência para a votação do projeto de lei que cria dificuldades para que novos partidos tenham acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV. A proposta tem o poder de asfixiar as futuras candidaturas à Presidência da ex-ministra Marina Silva e do governador Eduardo Campos (PSB). O projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados.

Ontem, o líder do PTB, senador Gim Argello (DF), apresentou requerimento para votar o projeto também em regime de urgência no Senado e deixou claro que estava a serviço do governo: "Isso é uma missão. Sou base do governo. Sou Dilma Rousseff. Nunca escondi isso". Até o fechamento desta edição, o requerimento estava sob análise do plenário. Em seugida, seria votado o mérito.

A urgência foi apresentada sem alarde, numa manobra para levar a votação diretamente ao plenário, sem a necessidade de passar pelas comissões, o que ocorre com as propostas cuja tramitação é normal.

A direção do PT fechou questão pela aprovação do projeto e enquadrou senadores que eram contrários, como o acreano Jorge Viana. Mas o partido se dividiu mesmo assim. O senador Eduardo Suplicy (SP) admitiu que sofrerá retaliações, porque decidiu votar contra a urgência. Mas disse que não trairia sua consciência, porque é contra a proposta. Suplicy poderá ser punido pela direção petista e perder o do direito de disputar a reeleição.

Os senadores peemedebistas Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) atacaram o governo e a presidente Dilma. "Isso que está aí é um Pacote de Abril de quinta categoria. Havia uma ditadura, um ato institucional, havia cassações, havia marechais, havia todo mundo", disse Simon, referindo-se ao Pacote de Abril de 1977, imposto pelo então presidente Ernesto Geisel. A medida criou a figura do senador biônico para evitar a vitória do MDB, o único partido de oposição na época.

"Hoje nós estamos numa democracia. O Brasil está livre. O Supremo está livre. A presidente da República está livre. O povo está livre. Podemos fazer o que quisermos dentro da democracia. Nós estamos nos entregando! E nós nos entregarmos é ato de covardia. Talvez tenhamos de nos referir à marechala presidente. Talvez, daqui a pouco, ela tenha de aparecer com um casaco diferente, que pode até continuar sendo vermelho - sua cor preferida -, mas com estrelas. O Pacote de Abril da dona Dilma começou, e o pior é que quem começa não volta para trás e se acostuma", enfatizou Simon.

Já o senador Jarbas Vasconcelos acrescentou: "Dizer que a oposição vai ser atingida é a coisa mais inútil, mais boba e idiota. Essa senhora Dilma tem a formação muito pior que muitos generais da ditadura. Ela é intolerante, autoritária. O PT não fecha o Congresso porque não tem força. Se tivesse, talvez fechasse."
'Fazer o diabo'. Para o senador Aécio Neves (MG), pré-candidato do PSDB à Presidência, a presidente Dilma Rousseff já começou "a fazer o diabo" na campanha para sua reeleição ao Palácio do Planalto. "A prova disso é a mobilização do PT no Congresso para tentar aprovar o projeto que derruba a portabilidade do tempo de TV e de recursos do fundo partidário para os novos partidos, o que diminui expressamente o interesse de políticos debandarem para novas legendas, como a Rede Sustentabilidade, da ex-ministra Marina Silva", disse ele.

Para Aécio, isso só se explica por uma razão: "Temor da presidente com o enfrentamento eleitoral". "Não se justifica o PT abdicar de alguns dos poucos valores e agir com tamanha truculência se não estivesse atemorizado com o futuro. Queremos tratamento isonômico dentro da mesma legislatura e que essas regras da limitação da criação de partidos passe a valer a partir de 2015", acrescentou.

Os partidos de oposição e o PSB, contrários ao projeto, argumentam que tirar o tempo de TV e o acesso ao Fundo Partidário dos novos partidos é um casuísmo, porque o PSD teve esses direitos, e foi criado na atual legislatura. Para eles, Marina Silva, que tenta fundar sua legenda, ficaria sem condições de competitividade, visto que sem tempo de TV e acesso à maior fatia do fundo - dinheiro para manter partidos - teria a candidatura praticamente se inviabilizada. Por esse argumento, Eduardo Campos também teria dificuldades de obter apoios. / COLABOROU DÉBORA BERGAMASCO

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