quinta-feira, 17 de março de 2011

Indústria fará reciclagem de geladeiras

A sanção presidencial em agosto da Política Nacional de Resíduos Sólidos, que regulamenta a gestão do lixo no País, já movimenta os negócios ligados à reciclagem de eletrodomésticos, como geladeiras e aparelhos de ar-condicionado. Foi inaugurada ontem, em Cabreúva, a 78 km de São Paulo, a Indústria Fox, empresa que vai atuar na manufatura reversa - a desmontagem dos aparelhos antigos e a reciclagem dos componentes.

A fábrica, que faz parte de um grupo suíço, recebeu um investimento de R$ 20 milhões e utilizará uma tecnologia inédita para tratar os gases CFCs e HCFCs dos refrigeradores antigos: em vez de incinerá-los, como é feito na maior parte dos países europeus, a indústria vai tratar esses gases em um processo térmico que quebra as moléculas. Esses gases são causadores do buraco na camada de ozônio e agravam o aquecimento global.

'Essa é a novidade que estamos trazendo ao Brasil e deve evitar que esses gases, altamente poluentes, sejam lançados na atmosfera, como vem sendo feito até então', diz Philipp Bohr, diretor-geral da Indústria Fox.

Segundo Bohr, o primeiro passo das etapas de reciclagem é a retirada dos gases CFC, que são transformados em uma solução ácida que pode ser reaproveitada pela indústria química. A fase seguinte é a trituração, onde os aparelhos antigos são moídos e os metais - alumínio, aço e cobre - são separados e depois podem ser reaproveitados.

Consumidor. O executivo calcula que só no Estado de São Paulo existem cerca de 1 milhão de geladeiras descartadas, em ferros-velhos e na casa dos consumidores. O desafio agora é fazer com que elas cheguem à reciclagem e, para isso, a empresa está estruturando um sistema de coleta. 'Vamos ter uma rede de postos de recolhimento, e a expectativa é atender ao consumidor que tiver em casa um aparelho antigo', diz Bohr. No primeiro momento a Fox vai trabalhar com as geladeiras encaminhadas à reciclagem pelas concessionárias de energia que possuem programas de troca desses equipamentos.

Carlos Roberto Vieira Filho, diretor da Abrelpe, entidade que reúne as empresas de tratamento de resíduos, diz que a sanção da lei de resíduos foi o primeiro passo para permitir a reciclagem dos equipamentos que hoje são descartados pelo consumidor.

'A lei é avançada e segue o mesmo princípio das diretivas europeias para lixo eletrônico. '

A LEI DE RESÍDUOS

Lixões

Proíbe o lançamento de resíduos sólidos ou rejeitos a céu aberto - os chamados
 lixões.

Logística reversa

Fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes terão de dar destinação adequada aos produtos que fabricaram, após o uso pelo consumidor.
Habitações

Proíbe nas áreas de disposição final de resíduos ou rejeitos a fixação de habitações temporárias ou permanentes.

Importação

Proíbe a importação de resíduos sólidos perigosos e rejeitos.

Incentivos

União, Estados e municípios poderão conceder incentivos fiscais e financeiros para indústrias e entidades dedicadas a tratar e reciclar os resíduos.

Financiamento

Poder público poderá instituir linhas de financiamento para cooperativas de materiais reutilizáveis e recicláveis.

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