terça-feira, 29 de março de 2011

Gestão ambiental requer uma visão mais ampla

Numa época em que inovação e sustentabilidade devem andar juntas, afinadas com as exigências técnicas e legais na área de meio ambiente, o conceito de gestão ambiental ainda parece estar restrito à gestão de resíduos. A realidade, porém, tem mostrado que as atribuições do gestor ambiental estão mais complexas e trazem a necessidade de uma visão mais ampla de seu papel.

Este é o ponto de partida do Encontro de Gestão Ambiental, evento que a Jetro Ambiental realiza no próximo dia 09 de abril, em Mairiporã (SP). Segundo o diretor da empresa e organizador, Jetro Menezes, a ideia partiu da constatação de que muitos profissionais formados nessa especialidade não estão atuando na área. "Resolvi fazer um evento para esse público, mas depois achei melhor incluir todos os interessados, e trazer profissionais da área", diz.

Para escolher os palestrantes, o critério foi a necessidade de saber como governo e empresas estão atuando na área ambiental. Os convidados que vão representar esses setores são o Secretário de Meio Ambiente da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Jorge, e Mário Hirose, diretor de Meio Ambiente da Fiesp. Eles responderão perguntas de um público variado, que pode ser desde o funcionário responsável pelo lixo numa empresa até o secretário municipal de uma outra Prefeitura. Estudantes de gestão ambiental, segundo Jetro Menezes, são presença importante. "O mercado está num momento um pouco confuso. Os recém-formados ficam disponíveis no mercado sem saber direito o que fazer e a quem procurar", explica.

Além das palestras, o Encontro prevê a exibição de um filme premiado internacionalmente sobre coleta seletiva. Oficinas vão ensinar a fazer papel reciclado e brinquedos com garrafas de plástico. No passeio pelo campus da faculdade, os participantes vão poder contemplar as belezas naturais, em companhia da personagem "Maria do Lixo" e suas performances. Serão sorteados kits para fazer papel reciclado e algumas empresas do setor que apóiam o evento vão expor seus produtos.

A escolha do local também é estratégica: um local afastado dos prédios da cidade de São Paulo, com extensa área verde, animais, pessoas à vontade para trocar idéias e informações sobre a gestão ambiental nos mais variados setores. Depois de pesquisar alguns locais, a opção foi o Instituto Mairiporã, uma instituição que abriga colégio e faculdade numa estrutura diferenciada. "É um lugar muito bonito, cheio de história, que parece uma cidade cenográfica, e ainda com aves soltas, acostumadas às pessoas. Perfeito para falar de meio ambiente, receber uma bateria de informação e sair motivado, para que todos saiam com o espírito renovado, seja para atuar em empresas, órgãos públicos, ONGs, em casa ou na escola."

Falta de informação

Para Jetro Menezes, falta uma visão mais abrangente, holística da gestão ambiental. "Por exemplo, um fiscal sai pra fazer uma vistoria para determinar o corte ou a poda de uma árvore, mas não observa os aspectos sociais, humanos. A árvore está prestes a cair na cabeça do morador, mas o corte ou a poda não é autorizada. Uma outra pessoa quer organizar a coleta seletiva, sem buscar a parceria com cooperativas de catadores. Um funcionário responsável pelos resíduos sólidos de uma empresa não conhece nada sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos e o seu respectivo Plano de Gestão", diz. "Não sei se falta informação, mas talvez especialização, experiência, conhecimento de outros caminhos dentro desse tema. A questão ambiental é cheia de novidades, nuances que um profissional recém-formado deve saber para ter menos dificuldades depois."

Ele explica que criou o evento para trocar ideias, tirar dúvidas, informar e "dar uma nova vida" ao gestor ambiental. "Queremos estimular os gestores ambientais ou futuros gestores a enxergar essa questão de forma holística. Num projeto ambiental, a vizinhança de uma empresa, por exemplo, deve ser considerada. Gestão ambiental é sempre socioambiental. Não podemos permitir que em pleno século XXI ainda existam profissionais sem uma visão multidisciplinar."

Jetro Menezes fez o caminho inverso na vida profissional. Ele iniciou nesta área em 1993 e só se formou em Gestão Ambiental há cinco anos. Fundou uma ONG, participou de várias discussões políticas sobre meio ambiente, pesquisou o tema em várias fontes, buscou cursos ou palestras, livros, aprendeu a fazer papel reciclado manual para sobreviver, trabalhou em empresa de coleta de lixo, coordenou a coleta seletiva da Prefeitura de São Paulo, implantou programas de coleta seletiva, ministrou palestras e treinamentos sobre resíduos sólidos e hoje é consultor ambiental e atual diretor de Meio Ambiente da Prefeitura de Franco da Rocha. "São mais de 15 anos envolvido com meio ambiente. Mas quando não sei, pesquiso, pergunto, leio. Sempre temos novidades nesta área. Não podemos parar de pesquisar."

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