quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Polícia resgata criança cega e desnutrida que vivia em cárcere privado havia oito anos no Piauí


Polícia resgata criança cega e desnutrida que vivia em cárcere privado havia oito anos no Piauí


Uma criança cega de oito anos foi resgatada de cárcere privado pela Polícia Civil do Piauí, na manhã desta quinta-feira (7), no centro do município de Uruçuí (a 459 km de Teresina). A menina estava em um cômodo sujo, sem ventilação, água ou energia. A menor também apresentava sinais de desnutrição extrema e não teria acesso a banheiro.
  • Portal de Uruçuí/Divulgação
    Criança de oito anos era mantida em um cômodo sujo, sem água ou banheiro no Piauí
  • Portal de Uruçuí/Divulgação
    Criança vivia em cárcere privado havia oito anos
A criança estava na casa onde morava a mãe, Maria Charlene, e o padastro, conhecido como "Flecha". O casal seria usuário de drogas, foi preso em flagrante e vai ser indiciado por abandono afetivo, maus tratos e cárcere privado. A polícia já pediu à Justiça a conversão da prisão em flagrante em preventiva.
Segundo o delegado de Uruçuí, Matheus Zanata, o flagrante só ocorreu porque a Justiça expediu um mandado de busca e apreensão na casa onde vivia a criança. Ao chegar no local, os policiais perceberam que a residência não tinha sequer água ou energia elétrica.
"Com esse mandado, fomos à casa e encontramos essa criança num cômodo pequeno, muito sujo, pouco arejado, vivendo de forma totalmente desumana. Já colhi o depoimento da mãe e do padastro, e eles relataram que são usuários de drogas. Pegamos a criança e imediatamente a levamos para o hospital. Ela estava muito suja, desnutrida. Agora ela está tendo e terá os cuidados necessários, dignos para uma criança", disse, citando que o caso chocou os moradores da pacata cidade, na divisa com o Maranhão.
Segundo o delegado, a suspeita é que a criança tenha vivido na condição de abandono desde que nasceu, já que nunca foi vista por moradores. "Acredito que ela sempre viveu assim, não tenho certeza. Interroguei um vizinho, e ele informou que nem os moradores sabiam que eles viviam nesse estado. Ninguém pensava que havia uma criança nessa situação, em pleno centro da cidade", contou.
Com o resgate, a criança passará a ser ser acompanhada pelo Conselho Tutelar, psicólogo, assistente social e médico. "Graças a Deus que houve esse mandado de busca, o que resultou nesse resgate. Naquela condição desumana, a criança poderia morrer nos próximos dias", contou Zanata.
Ainda segundo o delegado, em depoimento a mãe alegou que mantinha a criança no pequeno cômodo --onde apenas havia um colchão, sem janelas-- porque "a criança queria ficar acordada à noite e não a deixava dormir." O casal não tem advogado constituído e deve ser apoiado por um defensor público.

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