segunda-feira, 27 de junho de 2011

Noticias

- Dezenas de pinguins e um leão marinho foram achados mortos na costa marítima do Rio Grande do Sul, cobertos de óleo ou petróleo. O Ministério Público Federal (MPF-RS) instaurou um procedimento para investigar o caso.

Um número ainda não determinado de aves foi encontrado sem vida na região. Algumas outras morreram durante tratamento. Resgatados por biólogos, os animais foram levados para o Ceclimar, em Tramandaí, e para o Centro de Recuperação de Animais Silvestres e Marinhos (CRAM), na FURG, em Rio Grande.

O MPF informa estar em contato com os órgãos ambientais para verificar a causa e os responsáveis pelos danos ambientais, e também solicitar urgência no tratamento dos animais.

O órgão também solicitou abertura de inquérito policial à Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico (Delemaph).

domingo, 26 de junho de 2011

O peixe é um dos melhores amigos do cérebro


por Ricardo Teixeira*

A teoria da evolução defende a tese de que nós humanos chegamos até aqui com o cérebro que temos, pelo menos em parte, graças ao nosso padrão de alimentação. Há uma série de evidências paleontológicas que nos aponta que existe uma relação direta entre acesso ao alimento e tamanho do cérebro, e que mesmo pequenas diferenças nesse acesso podem influenciar a chance de sobrevivência e o sucesso reprodutivo. Entre os hominídeos, pesquisas mostram que o tamanho do cérebro está associado a diversos fatores que, em última instância, refletem o sucesso em se alimentar como é o caso da capacidade de preparar alimentos, estratégias para poupança de energia, postura bípede e habilidade em correr.

1333 O peixe é um dos melhores amigos do cérebroO consumo de ácidos graxos da família ômega 3 é a mais estudada interação entre alimento e a evolução das espécies. O ácido docosahexanóico (DHA) pode ser considerado o ácido graxo mais importante para o cérebro, já que é o mais abundante nas membranas das células cerebrais e são considerados essenciais por não serem produzidos pelo organismo humano, que precisa obtê-los por meio de dieta. Acredita-se que o consumo de ômega 3 teria sido fundamental para o processo de aumento na relação peso do cérebro/peso do corpo, fenômeno conhecido como encefalização, ou seja, aumento progressivo do tamanho do cérebro em relação ao corpo ao longo do processo evolutivo. Estudos arqueológicos apoiam essa hipótese, já que esse processo de encefalização não ocorreu enquanto os hominídeos não se adaptaram ao consumo de peixe.

A deficiência de ômega 3 está associada a uma série de transtornos neuropsiquiátricos, como é o caso da depressão e transtorno bipolar, esquizofrenia, transtorno de déficit de atenção e dislexia.

Dietas ricas em ômega 3, ou até mesmo na forma de suplementos alimentares, são capazes de melhorar o aprendizado e memória de crianças e ainda reduzem o risco de desenvolver depressão e demência. Pode ainda facilitar o controle da epilepsia e da esclerose múltipla.

** Ricardo Teixeira é doutor em Neurologia e pesquisador do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Dirige o Instituto do Cérebro de Brasília.

O mesmo para todas as brasileiras

por Luciana Holtz*

"Eu quero que todas as mulheres do Brasil tenham acesso às mesmas coisas que eu tive. Sou beneficiária de uma prevenção. Eu tive um câncer, o câncer foi detectado no princípio e eu tive um processo de cura." A presidente Dilma Rousseff pronunciou tais palavras durante o lançamento das ações de fortalecimento dos programas nacionais de controle do câncer de mama e do colo do útero, em Manaus, no dia 22 de março. Os programas, que integram a Política Nacional de Atenção Oncológica, apresentam ações de abrangência nacional previstas para os próximos quatro anos – com investimentos da ordem de R$ 4,5 bilhões –, de controle do câncer de mama e do colo do útero, neoplasias mais incidentes entre mulheres brasileiras, e que, se diagnosticadas precocemente, apresentam grandes chances de cura. O Brasil terá, este ano, aproximadamente 18,5 mil novos casos de câncer de colo de útero e 49,2 mil de câncer de mama, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

A ampliação da cobertura nacional à mamografia, a criação de 20 centros especializados no diagnóstico e tratamento do tumor no colo do útero nas regiões Norte e Nordeste, e o prazo máximo de 60 dias para o início do tratamento das mulheres diagnosticadas com câncer, foram medidas destacadas pela presidente, mulher curada de um câncer e consciente da importância imperativa na atenção especial à saúde da mulher.

1336 300x247 O mesmo para todas as brasileirasPara que mulheres brasileiras atingidas pelo câncer tenham chances reais de vencê-lo, assim como Dilma Rousseff, algumas prerrogativas são essenciais e fundamentais. A presidente brasileira, assistida pelas mesmas leis que quaisquer das quase 97,5 milhões de conterrâneas, está curada, pois teve acesso ao diagnóstico precoce, foi assistida por profissionais altamente qualificados, realizou a cirurgia diagnóstica imediatamente após ter os primeiros sintomas, obtendo rapidamente o diagnóstico de câncer, iniciou as fases do tratamento posteriores ao diagnóstico em curto espaço de tempo, teve acesso às drogas mais modernas do mercado, mesmo as não incorporadas na lista do Sistema Único de Saúde (SUS) na época do seu tratamento.

O Brasil tem avançado na formatação dos programas de prevenção aos cânceres que atingem a mulher, porém estes avanços ainda não levaram à grande adesão que seria necessária para reduzir as mortes pelo câncer.

Diretrizes de tratamento propostas pelo Ministério ainda deixam de contemplar importantes aspectos necessários à erradicação das mortes pelo câncer de mama e colo de útero. A idade mínima para o rastreamento do câncer de mama, por exemplo, recomendada pelo Ministério da Saúde é de 50 anos, em descompasso com a idade de 40 anos que é consenso entre oncologistas e mastologistas. Ainda em relação ao câncer de mama, a não incorporação no SUS de medicações que alvejam a proteína Her-2 (presente em um quarto dos casos de câncer) tira a chance de cura ou de prolongar a sobrevida de um grande número de mulheres a cada ano. Sobre o câncer de colo de útero, a não incorporação da vacinação para HPV não se justifica, já que toda a estratégia de rastreamento não tem conseguido a adesão necessária à redução da mortalidade e, sabidamente, a vacina eliminaria mais de 90% das lesões precursoras do câncer. Também, a formatação de projetos regionais de educação em saúde deve ser avaliada.

O tratamento que livrou a presidente Dilma Rousseff do câncer foi de excelência incontestável. Quando todas as mulheres e homens brasileiros atingidos pela doença forem atendidos com a mesma primazia, a realidade do câncer no país – ainda demarcada por barreiras quase instransponíveis como o alto grau de desinformação, baixo acesso às ações e serviços de saúde e a não prontidão na realização de todas as fases do tratamento –, será diferente.

Queremos um Brasil sem preconceito, sem sofrimento e sem mortes causadas pelo câncer.

* Luciana Holtz é presidente do Instituto Oncoguia.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Aumento do nível do mar é o maior em dois mil anos


Estudo indica que variações nos níveis oceânicos estão ligadas a mudanças de temperatura e que desde a revolução industrial o índice do aumento é de cerca dois milímetros ao ano, o maior registrado no intervalo de tempo analisado.

1317 Aumento do nível do mar é o maior em dois mil anosO fato de que o nível dos oceanos está subindo já não é novidade para a comunidade acadêmica. No entanto, uma nova pesquisa da Universidade da Pensilvânia sugere que esse aumento está ocorrendo mais rapidamente do que em qualquer outro período nos últimos dois mil anos.

O relatório, intitulado "Variações do nível do mar relacionadas ao clima nos últimos dois milênios" e publicado pela Proceedings, da Academia Nacional de Ciências (NSF), indica que há uma relação entre as alterações nos níveis oceânicos e as variações climáticas ocorridas no período, visto que quando a temperatura estava mais baixa o nível do mar permanecia estável, enquanto que nos de aumento de temperatura, verificou-se que o nível oceânico subia.

"O aumento do nível do mar é um resultado potencialmente desastroso das mudanças climáticas, à medida que o aumento das temperaturas derrete o gelo terrestre e aquece as águas do aceano", declarou Benjamin Horton, professor e diretor do Laboratório de Pesquisas de Nível do Mar da Universidade da Pensilvânia e um dos coautores da pesquisa.

Para comprovar que há essa ligação entre as alterações climáticas e as variações do nível dos oceanos, os pesquisadores coletaram amostras de salinas de diferentes regiões, onde existem micro fósseis de bactérias e plantas que podem ser analisados a fim de medir os níveis de salinidade, o que pode fornecer pistas sobre os níveis dos oceanos. "À medida que você vai mais e mais fundo [na profundidade das salinas], você volta no tempo", disse Horton.

De acordo com o relatório, entre 200 AC e 1000 DC, o nível do mar manteve-se relativamente estável, e passou a aumentar no século 11, quando ocorreu um período de 400 anos de aquecimento nas temperaturas conhecido como Anomalia Climática Medieval, no qual os cientistas perceberam que o nível oceânico passou a subir cerca de 0,6 milímetros ao ano.

Após este período, entre os anos de 1400 e 1800, o planeta passou pela chamada Pequena Idade do Gelo, na qual as temperaturas estabilizaram-se novamente, só vindo a aumentar a partir do século 19, depois do começo da Revolução Industrial. Desde então, o índice do aumento oceânico é de cerca dois milímetros ao ano, o maior registrado no intervalo de tempo analisado.

Segundo Horton, "se se olha o recorde do nível do mar, a primeira aceleração é em 1000 DC. O que se pode imaginar é que as temperaturas eram mais quentes, como sabemos que elas eram durante o aquecimento medieval. Pode-se assumir que os oceanos expandiram e os mantos de gelo derreteram. Então há um período estável do nível do mar, que coincide com a Pequena Idade do Gelo – os oceanos podem ter se contraído levemente, então o nível do mar responde a isso".

"É evidente sustentar o óbvio. As leis básicas da física dizem que se você aumenta a temperatura, o gelo derreterá. Mas o que mostramos é o quão sensível o nível do mar é às mudanças de temperatura. O período de aquecimento medieval foi uma mudança muito súbita, mas resultou em uma resposta do nível do mar. Isso indica que eles estão ligados intrinsicamente, e que é uma resposta muito sensível e instantânea", continuou Horton.

Para Stefan Rahmstorf, um dos coautores do relatório, a descoberta confirma outros estudos que sugerem que o nível oceânico está aumentando. "Isso reforça nossas projeções… o aumento acelera por causa do princípio de que quanto mais quente fica, mais rápido o nível do mar sobe. Os dados do passado ajudaram a calibrar nosso modelo, e melhorarão as projeções do aumento do nível do mar em relação aos cenários de futuros aumentos de temperatura".

"Cenários de um futuro aumento dependem de entender a resposta do nível do mar às mudanças climáticas. Estimativas precisas da variabilidade do nível do mar fornecem um contexto para tais projeções", ressaltou Andrew Kemp, outro coautor da pesquisa.

Paul Cutler, diretor do programa da Divisão de Ciências da Terra da NSF exaltou a importância do estudo, alegando que "ter um quadro detalhado dos índices da mudança do nível do mar dos últimos dois milênios fornece um contexto importante para entender as mudanças atuais e as potencialmente futuras. É especialmente valioso para antecipar a evolução de sistemas costeiros nos quais mais da metade da população mundial vive agora".

"Nos últimos mil anos, quando a temperatura mudava, o nível do mar mudava. É um grande conjunto de evidências dizer que no século 21, com a indicação de que as temperaturas estão aumentando, o nível do mar vai subir. Essa é uma grande preocupação que resulta desse estudo", concluiu Horton.

* Publicado originalmente no site CarbonoBrasil.

Sustentabilidade na escola

Já reparou que, quando o assunto é educação, tudo no Brasil é urgente? Salários dignos para os professores, escolas bem aparelhadas, universalização digital, etc. Educação é um raríssimo consenso nacional e, apesar disso, a impressão que fica é a de que os avanços, embora existam, se diluem frente a tantas demandas urgentes.

1321 297x300 Sustentabilidade na escolaTão preocupante quanto a extensa lista de prioridades – o que deveria inspirar um grande projeto nacional apartidário e de longo prazo – é reconhecer que os debates sobre modernização dos conteúdos pedagógicos ficam invariavelmente em segundo plano. Uma escola descontextualizada de seu tempo, encapsulada nas rotinas burocráticas que apequenam sua perspectiva transformadora, está condenada ao marasmo que entorpece sua história e o seu legado. É uma escola que não consegue mobilizar professores, alunos e a comunidade ao seu redor em torno de objetivos comuns que emprestem sentido à existência da própria instituição.

Qual a função social da escola num mundo que experimenta uma crise ambiental sem precedentes na história da humanidade? Nossa capacidade de redesenhar o modelo de desenvolvimento e construir uma nova cultura baseada em valores sustentáveis depende fundamentalmente da coragem de mudar o que está aí. Que ajustes poderiam ser aplicados à grade curricular para tornar essa escola mais apta a preparar esses jovens para os imensos desafios que temos pela frente? Que novos gêneros de informação deveriam mobilizar a comunidade escolar na busca por respostas para questões pontuais sobre as quais não é mais possível negar a importância ou a urgência do enfrentamento? Como preparar essas novas gerações para um mundo que projeta um futuro difícil e extremamente desafiador em função das mudanças climáticas, escassez de água doce e limpa, produção monumental de lixo, destruição sistemática da biodiversidade, transgenia irresponsável, crescimento desordenado e caótico das cidades, entre outros fatores que geram desequilíbrio e instabilidade?

O mundo mudou e a educação deve acompanhar as mudanças em curso. Nossa espécie é responsável pelo maior nível de destruição jamais visto em nenhum outro período da história e, se somos parte do problema, devemos ser parte da solução. Mas não há solução à vista sem educação de qualidade e urgente que estabeleça novas competências, novas linhas de investigação científica, um novo entendimento sobre o modelo de desenvolvimento em que estamos inseridos e a percepção do risco iminente de colapso. Precisamos promover uma reengenharia de processos em escala global que inspire novos e importantes movimentos em rede. Isso não será possível sem as escolas.

A escola de hoje deve ser o espaço da reinvenção criativa, um laboratório de ideias que nos libertem do jugo das "verdades absolutas", dos dogmas raivosos que insistem em retroalimentar um modelo decadente. Pobres dos alunos que passam anos na escola sem serem minimamente estimulados a participar dessa grande "concertação" em favor de um mundo melhor e mais justo. Quantos talentos adormecidos, quanto tempo e energia desperdiçados, quanta aversão acumulada ao espaço escolar justamente pelo desinteresse brutal e legítimo da garotada a algo que não lhes toca o coração, não lhes instiga positivamente o intelecto, não lhes nutre o espírito? Qual o futuro dessa escola? São cadáveres insepultos.

Uma escola que use a sustentabilidade como mote desse revirão pedagógico amplo e inovador terá como princípio ético a construção de um mundo onde tudo o que se faça, onde quer que estejamos, considere os limites dos ecossistemas, a capacidade de suporte de um planeta onde os recursos são finitos. Temos ciência, tecnologia e conhecimento para isso. Novas gerações de profissionais das mais variadas áreas serão desafiados a respeitar esse princípio sem prejuízo de sua atividade fim. Tudo isso poderia ser resumido em uma palavra: sobrevivência. A mais nobre missão das escolas no Século 21 será nos proteger de nós mesmos.

Ainda há tempo.

* André Trigueiro é autor do livro Mundo Sustentável – Abrindo Espaço na Mídia para um Planeta em Transformação. Apresenta o Jornal das Dez e é editor-chefe do programa Cidades e Soluções, da Globo News. É também comentarista da Rádio CBN e colaborador voluntário da Rádio Rio de Janeiro.

** Publicado originalmente no site Mundo Sustentável.

Desinformação e desrespeito na mídia brasileira


por Formandos do curso de Letras da PUC-SP*

Por alguma razão escondida dentro de cada um de nós que escrevemos esse texto, tivemos como escolha profissional o ensino de língua (materna ou estrangeira). Por algum motivo desconhecido, resolvemos abraçar uma das profissões mais mal pagas do nosso país. Não quisemos nos tornar médicos, advogados ou jornalistas. Quisemos virar professores. E para fazê-lo, tivemos que estudar. Estudar, para alguém que quer ensinar, tem uma dimensão profunda.

1324 225x300 Desinformação e desrespeito na mídia brasileiraFoi estudando que abandonamos muitas visões simplistas do mundo e muito dos nossos preconceitos. Durante anos debatemos a condição da educação no Brasil; cotidianamente aprofundamo-nos sobre a realidade do país e sobre uma das expressões culturais mais íntimas de seus habitantes: a sua língua. Em várias dessas discussões utilizamos reportagens, notícias ou fatos trazidos pelos jornais.

Crescemos ouvindo que jovem não lê jornal e que a cada dia o brasileiro lê menos. A julgar por nosso cotidiano, isso não é verdade. Tanto é que muitos de nós, já indignados com o tratamento dado pelo Jornal Nacional à questão do material Por Uma Vida Melhor, perdemos o domingo ao, pela manhã, lermos as palavras de um dos mais respeitados jornalistas do país, criticando, na Folha de S.Paulo, a valorização dada pelo material ao ensino das diferentes possibilidades do falar brasileiro. E ficamos ainda mais indignados durante a semana com tantas reportagens e artigos de opinião cheios de ideias equivocadas, ofensivas, violentas e irresponsáveis.

Lemos textos assim também no Estado de S. Paulo e nas revistas semanais Veja IstoÉ. Vimos o Jornal Nacional colocar uma das autoras do material em posição humilhante de ter que se justificar por ter conseguido fazer uma transposição didática de um assunto já debatido há tempos pelos grandes nomes da linguística do país – nossos mestres, aliás.

O jornalista Clovis Rossi afirmou que a língua que ele julga correta é uma "evolução para que as pessoas pudessem se comunicar de uma maneira que umas entendam perfeitamente as outras" e que os professores têm o baixo salário justificado por "preguiça de ensinar". Uma semana depois, vimos Amauri Segalla e Bruna Cavalcanti narrarem um drama em que um aluno teria aprendido uma construção errada de sua língua e afirmarem que o material "vai condenar esses jovens a uma escuridão cultural sem precedentes". Também esses dois últimos jornalistas tentam negar a voz contrária aos seus julgamentos, dizendo que pouquíssimos foram os que se manifestaram, e que as ideias expressas no material podem ter sucesso somente entre alguns professores "mais moderninhos". Já no Estado de S. Paulo vimos um economista fazendo represálias brutas a esse material didático. Acreditamos que o senhor Sardenberg entenda muito sobre jornalismo e economia, porém fica nítida a fragilidade de suas concepções sobre ensino da língua. A mesma desinformação e irresponsabilidade revelou o cineasta Arnaldo Jabor, em seu violento comentário na rádio CBN.

Ficamos todos perplexos pela falta de informação desses jornalistas, pela inversão de realidade a que procederam, e, sobretudo, pelo preconceito que despejaram sem pudor sobre seus espectadores, ouvintes e leitores, alimentando uma visão reduzida ao senso comum, equivocado quanto ao ensino da língua. A versão trazida pelos jornais sobre a defesa do "erro" em livros didáticos, e mais especificamente no livro Por Uma Vida Melhor, é uma ofensa a todo trabalho desenvolvido pelos linguistas e educadores de nosso país no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa.

A pergunta inquietante que tivemos foi: será que esses jornalistas ao menos se deram o trabalho de ler ou meramente consultar o referido livro didático antes de tornar públicas tão caluniosas opiniões? Sabemos que não. Pois, se o tivessem feito, veriam que tal livro de forma alguma defende o ato de falar "errado", mas sim busca desmistificar a noção de erro, substituindo-a pela de adequação/inadequação. Isso porque a linguística, bem como qualquer outra ciência humana, não pode admitir a superioridade de uma expressão cultural sobre outra. Ao dizer que a população com baixo grau de escolaridade fala "errado", o que se está dizendo é que a expressão cultural da maior parte da população brasileira é errada, ou inferior à das classes dominantes. Isto não pode ser concebido, nem publicado deliberadamente, como foi nos meios de comunicação. É esse ensinamento básico que o material propõe, didaticamente, aos alunos que participam da Educação de Jovens e Adultos. Mais apropriado, impossível. Paulo Freire ficaria orgulhoso. Os jornalistas, porém, condenam.

Sabemos que os veículos de comunicação possuem uma influência poderosa sobre a visão de mundo das pessoas, atuam como formadores de opinião, por isso consideramos um retrocesso estigmatizar certos usos da língua e, assim, o trabalho de profissionais que, todos os dias, estão em sala de aula tentando ir além da mera repetição dos exercícios gramaticais mecânicos, chamando atenção para o caráter multifacetado e plural do português brasileiro e sua relação intrínseca com os mais diversos contextos sociais.

A preocupação dos senhores jornalistas, porém, ainda é comum. Na base de suas críticas aparece, sobretudo, o medo de a escola não cumprir com seu papel de ensinar a norma culta aos falantes. Entretanto, se tivessem lido o referido material, esse medo teria facilmente se esvaído. Como todo linguista contemporâneo, os autores deixam claro, na página 12, que "como a linguagem possibilita acesso a muitas situações sociais, a escola deve se preocupar em apresentar a norma culta aos estudantes, para que eles tenham mais uma variedade à sua disposição, a fim de empregá-la quando for necessário".

Dessa forma, sem deixar de valorizar a norma escrita culta – necessária para atuar nas esferas profissional e cultural e, logo, determinante para a ascensão econômica e social de seus usuários, embora não suficiente –, o material consegue promover o debate sobre a diversidade linguística brasileira. Esse feito, do ponto de vista de todos que produzimos e utilizamos materiais didáticos, é fundamental.

Sobre os conteúdos errôneos que foram publicados pelos jornais e revistas, foi possível ver, após uma semana, as respostas dadas pelos educadores, estudiosos da linguagem e, sobretudo, da variação linguística, já bastante elucidativas para informar a esses profissionais do jornalismo. Infelizmente, alguns jornalistas não os leram.

Mas ainda dá tempo de aprender com esses textos. Leiam as respostas de linguistas tais como Luis Carlos Cagliari, Marcos Bagno, Carlos Alberto Faraco, Sírio Possenti, além de educadores como Maria Alice Setubal e Maurício Ernica, entre outros, publicadas em diversas fontes, como elucidativas e representativas do que temos a dizer. Aliás, muito nos orgulha a paciência desses autores – foram verdadeiras aulas para alunos que parecem ter que começar do zero.

Admirável foram essas respostas calmas, respeitosas e informativas, verdadeiras lições de Linguística, de Educação – e de atitude cidadã, diga-se de passagem – para "formadores de opinião" que, sem o domínio do assunto, resolveram palpitar, julgar e até incriminar práticas e ideias solidamente construídas em pesquisas científicas sobre a língua, ao longo de toda a vida acadêmica de vários intelectuais brasileiros respeitados – ideias essas que começam, aos poucos, a chegar à realidade das escolas.

Ao final de anos de luta para podermos virar professores, ao invés de vermos nossos pensadores, acadêmicos e professores valorizados, vimos a humilhação violenta que eles sofreram. Vimos, com isso, a humilhação que a academia e que os estudos sérios e profundos podem sofrer pela mídia desavisada (ou maldosa). O poder da mídia foi assustador. Para os alunos mais dispersos, algumas concepções que levaram anos para serem construídas foram quebradas em instantes. Felizmente, esses são poucos. Para grande parte de nossos colegas estudantes de Letras, o que aconteceu foi um descontentamento geral e uma descrença coletiva nos meios de comunicação.

A descrença na profissão de professor, que era a mais provável de ocorrer após tamanha violência e irresponsabilidade da mídia, não aconteceu – somente por conta daquele nosso motivo interno ao qual nos referimos antes. Nossa crença de que a educação é a solução de muitos problemas – como esse, por exemplo – e de que se trata de uma das profissões mais satisfatórias do mundo continua firme. Sabemos que vamos receber baixos salários, que nossa rotina será mais complicada do que a de muitos outros profissionais, além de todas as outras dificuldades que todos sabem que um professor enfrenta. O que não sabíamos é que não tínhamos o apoio da mídia, e que, pior que isso, ela se voltaria contra nós, dizendo que o baixo salário está justificado e que não podemos reclamar porque não cumprimos nosso dever direito.

Gostaríamos de deixar claro que não, ensinar gramática tradicional não é difícil. Não temos preguiça disso. Facilmente podemos ler a respeito da questão da colocação pronominal, passar na lousa como os pronomes devem ser usados e dizer para o aluno que está errado dizer "me dá uma borracha". Isto é muito simples de fazer. Tão simples que os senhores jornalistas, que não são professores, já corrigiram o material Por Uma Vida Melhor sobre a questão do plural dos substantivos. Não precisa ser professor para fazer isso. Dizer o que está errado, aliás, é o que muitos fazem de melhor.

Difícil, sabemos, é ter professores formados para conseguir promover, simultaneamente, o debate e o ensino do uso dos diversos recursos linguísticos e expressivos do português brasileiro, que sejam adequados às diferentes situações de comunicação e próprios dos inúmeros gêneros do discurso orais e escritos que utilizamos. Este professor deve ter muito conhecimento sobre a linguagem e sobre a língua, nas suas dimensões linguísticas, textuais e discursivas, sobre o povo que a usa, sobre as diferentes regiões do nosso país e sobre as relações intrínsecas entre linguagem e cultura.

Esse professor deve ter a cabeça aberta o suficiente para saber que nenhuma forma de usar a língua é "superior" a outra, mas que há situações que exigem uma aproximação maior da norma culta e outras em que isso não é necessário, que o "correto" não é falar apenas como paulistas e cariocas, usando o globês, que nenhum aluno pode sair da escola achando que fala "melhor" que outro, mas sim ciente da necessidade de escolher a forma mais adequada de usar a língua conforme exige a situação e, claro, com o domínio da norma culta para as ocasiões em que ela é requerida. Esse professor tem de ter noções sobre identidade e alteridade, tem que valorizar o outro, a diferença, e respeitar o que conhece e o que não conhece.

Também esse professor tem que ter muito orgulho de ser brasileiro: é ele que vai dizer ao garoto, ao ensinar o uso adequado da língua nas situações formais e públicas de comunicação, que não é porque a mãe desse garoto não usa tal tipo de variedade linguística (a norma culta), não conjuga os verbos, nem usa o plural de acordo com uma gramática pautada no português europeu, que ela é ignorante ou não sabe pensar. Ele vai dizer ao garoto que ele não precisa se envergonhar de sua mãe só porque aprendeu outras formas de usar o português na escola, e ela não. Ele vai ensinar o garoto a valorizar os falares regionais, e ser orgulhoso de sua família, de sua cultura, de sua região de origem, de seu país e das diferenças que existem dentro dele e, ao mesmo tempo, a ampliar, pelo domínio da norma culta, as suas possibilidades de participação na sociedade e na cultura letrada. O Brasil precisa justamente desse professor que os jornalistas tanto incriminaram.

Formar um professor com esse potencial é o que fazem muitos dos intelectuais que foram ofendidos. Para eles, pedimos que esses jornalistas se desculpem. E os agradeçam. E, sobretudo, antes de os julgarem novamente, leiam suas publicações. Ironicamente, pedimos para a mídia se informar.

Nós somos a primeira turma a entrar no mercado de trabalho após esse triste ocorrido da imprensa. Somos muito conscientes da luta que temos pela frente e das possibilidades de mudança que nosso trabalho promove. Para isso, estudamos e trabalhamos duro durante anos. A nós, pedimos também que se desculpem. E esperamos que um dia possam nos agradecer.

Reafirmamos a necessidade de os veículos de comunicação respeitarem os nossos objetos de estudo e trabalho — a linguagem e a língua portuguesa usada no Brasil —, pois muitos estudantes e profissionais de outras áreas podem não perceber tamanha desinformação e manipulação irresponsável de informação, e podem vir a reproduzir tais concepções simplistas e equivocadas sobre a realidade da língua em uso, fomentando com isso preconceitos difíceis de serem extintos.

Sabemos que sozinhos os professores não mudam o mundo. Como disse a professora Amanda Gurgel, em audiência pública no Rio Grande do Norte, não podemos salvar o país apenas com um giz e uma lousa. Precisamos de ajuda. Uma das maiores ajudas com as quais contamos é a dos jornalistas. Pedimos que procurem conhecer as teorias atuais da educação, do ensino de língua portuguesa e da prática que vem sendo proposta cotidianamente no Brasil. Pedimos que leiam muito, informem-se.

Visitem escolas públicas e particulares antes de se proporem a emitir opinião sobre o que deve ser feito lá. Promovam acima de tudo o debate de ideias e não procedam à condenação sumária de autores e obras que mal leram. Critiquem as assessorias internacionais que são contratadas reiteradamente. Incentivem o profissional da educação. E nunca mais tratem os professores como trataram dessa vez. O poder de vocês é muito grande – a responsabilidade para usá-lo deve ser também.

** Publicado originalmente no site Correio da Cidadania.

A Educação e o Código Florestal

Os assuntos ligados ao meio ambiente nos dias de hoje, são palpitantes, dinâmicos, efervescentes, apaixonantes e causadores de propostas e discussões sem fim, oxalá um dia, sejam como o futebol.

1320 300x200 A Educação e o Código FlorestalPorém, eu gostaria de observar um acontecimento interessante: parece que o novo Código Florestal, que tanta polêmica causou, morreu! E nós, pobres mortais que estamos do lado de cá, estamos como que em réquiem por ele, sem saber se as homenagens que poderíamos lhe render, seriam justas.

Mas, não se iludam, o Código Florestal não morreu, só está esperando a vez do Senado da República retificá-lo, colocando no texto as mudanças que a sociedade exige, ou então, o que seria catastrófico para o Brasil, ratificá-lo como a Câmara dos Deputados o aprovou.

Por outro lado, costuma-se dizer no Brasil que tudo é por falta de Educação, o que é uma verdade. Ora, se Educação é tomada de consciência, passagem de conhecimentos e aplicação desses conhecimentos e experiências, para melhorar a vida sobre o planeta, apliquemos então no texto do Código, tudo que conhecemos sobre meio ambiente, e mais, vamos buscar nas pesquisas, novas soluções que o momento exige.

Somente nestes tópicos acima, teríamos razões mais que suficientes para nos unir e fazer uma proposta de Código Florestal irretocável, que contemplasse todos os anseios da sociedade e do Brasil para os próximos trinta anos de desenvolvimento sustentável.

Como isso não ocorre na realidade, seria conveniente e necessário fazermos algumas perguntas!

Será que já chegou a hora de discutirmos os índices socioeconômicos e demográficos da população do planeta e do Brasil?

O crescimento populacional — que, na verdade, ainda não está na pauta da preservação ambiental — é uma variável socioambiental importantíssima, pois, em breve, seremos sete bilhões de habitantes em demanda por espaço, por comida, por água, por energia e por bens de consumo. Para uma população deste tamanho, como criar um sistema de prospecção, distribuição e uso de recursos, de produção, distribuição e consumo de bens e serviços, suficientes para atender com dignidade a todos?

Quando se chega ao Brasil, constata-se que 85% da população vive nos centros urbanos, e que as condições de vida melhoraram muito nos últimos anos, aumentando a capacidade de consumo e desperdício. Temos um caldeirão efervescente e voraz, ávido por usar recursos naturais e consumir bens e serviços. Quanto maiores os anseios da população urbana, maior a degradação ambiental para supri-los, no campo e na cidade, tanto em área, como em quantidade de recursos degradados.  É verdade que os índices de crescimento populacional estão diminuindo aos poucos, no entanto, é preciso colocá-los na pauta da preservação ambiental, urgentemente, para planejarmos de maneira sustentável o futuro.

Será que algumas pessoas envolvidas na propositura do novo Código, não estão interessadas em melhorar a nossa qualidade de vida?

Com certeza! A quem interessa liberar de forma perene, áreas de preservação permanente e espaços de matas ciliares para aumentar de forma predatória a exploração do agronegócio no Brasil? Muitos, dentre eles, aqueles que ainda defendem o argumento anacrônico, de que o Brasil é o "celeiro do mundo". De que valerá, daqui a alguns anos, um celeiro degradado e carcomido pelas traças, carunchos e outros insetos, embutidos na ambição do lucro indiscriminado e da degradação definitiva?

Será que estas pessoas e os segmentos que representam no parlamento, estão interessadas no "desenvolvimento predatório", aquele, cujas benesses são só para alguns e as mazelas, para todos?

Com certeza! Alegam que é preciso produzir mais alimentos, "alimentar a população brasileira e exportar mais, para alimentar outras populações". Alegam que é preciso "fabricar mais papel, pois a sua demanda é crescente no Brasil e no mundo, e nós (eles), não podemos perder esse mercado". Alegam que é preciso "retirar mais minérios do subsolo, exportá-los como matéria prima, e depois recomprá-los como manufaturados, a um preço seis a oito vezes maior, gerando emprego e renda em outros países que detêm maior capacidade de produção e uma tecnologia mais avançada". Com isso, aumentamos muito o consumo de água, de energia e geramos muito mais gases do que o necessário.
E tudo isto passa a ser normal quando a nossa voz, por insuficiência de formação e de informação, se torna impotente e não consegue dizer basta, chega!

Será que o ambiente rural no Brasil, com suas poucas matas e nascentes, vai suportar os anseios sem limites de uma sociedade de consumo insaciável?

Com certeza, não! Em menos de um século, passamos das vilas às cidades, e destas, muitas viraram metrópoles com imensas massas humanas a demandar espaços e recursos para além da sobrevivência, e levarem uma vida com conforto e desperdício, exatamente por falta daquelas formação e informação já citadas.

O cinturão verde em torno das cidades, foi crescendo e se expandindo a ponto de invadirmos a Mata Atlântica, o Cerrado, a Caatinga, os Pampas e agora, de uns trinta anos para cá, a Amazônia, que, dia a dia, agoniza sob motoserras e sob o fogo, colocando o Brasil entre os campeões mundiais de emissões de gases e de aquecimento global.

E o Código Florestal hein, que como o nome insinua, é para proteger as florestas, as árvores, será que a gente ainda se lembra dele?

Que os brasileiros não se iludam, o Código Florestal está aí para ser votado pelo Senado da República. Chegou a hora de nos unirmos e dizermos basta, vamos colocar no texto do Código, tudo o que precisamos para ter um país sustentável, que respeite toda a diversidade de forma equânime e justa com a preservação da vida. Não podemos nos esquecer que o desenvolvimento sustentável, tem que tomar como primícias todos os aspectos socioambientais do território brasileiro, para dar à vida o espaço que ela precisa e merece.

Então, comecemos agora, vamos primeiro alertar os senadores de que estamos de olho e, queremos não só viver com sustentabilidade no país do presente, mas também no país que tenha um futuro sustentável.

Vamos acreditar na presidenta que afirmou que, se o Código Florestal não estiver em sintonia com a vontade expressa do povo brasileiro, ela veta!

E, para finalizar, vamos demonstrar que precisamos de multas, penalidades e castigos, somente para aqueles que destroem a consciência coletiva da preservação ambiental e, visam, tão somente, ao lucro indiscriminado que os recursos naturais podem proporcionar.

Vamos aumentar a produção e a produtividade de alimentos por meio do conhecimento, da pesquisa e da tecnologia, e ao mesmo tempo proteger o ambiente em que vivemos.

Vamos, por meio da educação, estimular um plano nacional de reflorestamento sistemático que pode sim partir da escola, dos alunos, dos professores, para todos os rincões do país.

Vamos estimular, também, o reflorestamento sistemático por meio de incentivos fiscais e socioambientais (já temos exemplos de sucesso), pois, se eles existem para outras áreas e segmentos, porque não para garantir o futuro do país e da vida.

Vamos enfim, para garantir um futuro sustentável, criar um plano de proteção, preservação e uso racional de recursos, e também vamos plantar árvores e fazer florestas!

* Francisco Pincerato é ambientalista e autor de livros, gibis didáticos e jogos pedagógicos sobre educação ambiental. Tem obras adotadas por várias prefeituras, pelo Instituto Ayrton Senna e até por empresas em campanhas de educação, saneamento e vigilância ambientais.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

EM ESTÂNCIA VELHA

Vice-prefeito pede desfiliação do PMDB















Estância Velha - O vice-prefeito Sérgio Schuh pediu desfiliação do PMDB. Ele entregou a carta de desfiliação nas mãos do presidente do partido, Daniel Eltz, nesta tarde.
Será sua aposentadoria ?

Força-tarefa apura crimes ambientais no 


Vale dos Sinos



Uma das vistorias foi realizada em empresa de cromagem em Sapucaia do Sul

Em novas ações para coibir práticas ilegais contra o meio ambiente, Ministério Público e Polícia Civil flagraram mais um caso de crime ambiental. Promotores e policiais identificaram disposição de resíduos sólidos perigosos (com alta capacidade poluidora e de prejuízos à saúde humana) diretamente no solo em uma área de preservação permanente em Igrejinha. O material era despejado por uma central de resíduos industriais de calçados, vistoriada nesta quarta-feira, 22. O responsável pela empresa foi preso em flagrante e encaminhado ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). 

Participaram da ação o promotor regional de Defesa do Meio Ambiente, Daniel Martini, e os promotores de Justiça Paulo Eduardo de Almeida Vieira, de Igrejinha, Annelise Steigleder, de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, e Daniel Gonçalves, de Três Coroas, além da Delegacia Estadual de Proteção Ambiental (Dema). 

O Ministério Público também está investigando se uma empresa de cromagem de Sapucaia do Sul causou poluição da água. No local, vistoriado na tarde desta terça-feira, 21, foram encontrados indícios da presença de cromo hexavalente em um poço que capta água do subsolo. A substância, que é utilizada em banhos de cromagem, pode causar câncer. Segundo o promotor Daniel Martini, há infiltração nas paredes do poço e a coloração da água estava alterada. Foram colhidas amostras para serem analisadas e os resultados devem sair em uma semana. Se for confirmada a contaminação, a empresa terá que fazer um projeto de recuperação de área degradada, para impedir a poluição do lençol freático na região. 

Uma empresa de fundição de alumínio também foi inspecionada, com apoio da Delegacia de Roubo de Fios do Deic. No local não foram encontradas irregularidades.
Água coletada apresentava coloração alterada, por isso é investigada presença de cromo hexavalente.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Vida nos oceanos pode enfrentar extinção sem precedentes, diz estudo

Vida nos oceanos pode enfrentar extinção sem precedentes, diz estudo

"Réptil (Getty Images)"

Um novo estudo indica que os ecossistemas marinhos enfrentam perigos ainda maiores do que os estimados até agora pelos cientistas e que correm o risco de entrar em uma fase de extinção de espécies sem precedentes na história da humanidade.

O levantamento foi feito realizado por especialistas que integram o Programa Internacional sobre o Estado dos Oceanos (IPSO, na sigla em inglês), uma entidade formada por cientistas e outros especialistas no assunto.

Eles concluíram que fatores como a pesca excessiva, a poluição e as mudanças climáticas estão agindo em conjunto de uma forma que não havia sido antecipada.

A pesquisa reuniu especialistas de diferentes disciplinas, incluindo ambientalistas com especialização em recifes de corais, toxicologistas e cientistas especializados em pesca.

''As conclusões são chocantes. Estamos vendo mudanças que estão acontecendo mais rápido do que estávamos esperando e de formas que não esperávamos que fossem acontecer por centenas de anos'', disse Alex Rogers, diretor científico do IPSO e professor da Universidade de Oxford.

Plástico

Entre as mudanças que estão ocorrendo antes do esperado estão o derretimento da camada de gelo no Ártico, na Groenlândia e na Antártida, o aumento do nível dos oceanos e liberação de metano no leito do mar.

O estudo observou também que existem efeitos em cadeia provocados pela ação de diferentes poluentes.

A pesquisa observou, por exemplo, que alguns poluentes permanecem nos oceanos por estarem presos a pequenas partículas de plástico que foram parar no leito do oceano.

Com isso, há um aumento também do poluentes que são consumidos por peixes que vivem no fundo do mar.

Partículas de plástico são responsáveis também por transportar algas de parte a parte, contribuindo para a proliferação de algas tóxicas, o que também é provocado pelo influxo para os oceanos de nutrientes e poluentes provenientes de áreas agrícolas.

O estudo descreveu ainda como a acidificação do oceano, o aquecimento global e a poluição estando agindo de forma conjunta para aumentar as ameaças aos recifes de corais, tanto que 75% dos corais mundiais correm o risco de sofrer um severo declínio.

Ciclos

A vida na Terra já enfrentou cinco ''ciclos de extinção em massa'' causados por eventos como o impacto de asteróides e muitos cientistas que o impacto de diferentes ações exercidas pelo homem poderá contribuir para um sexto ciclo.

''Ainda contamos com boa parte da biodiversidade mundial, mas o ritmo atual da extinção é muito mais alto (do que no passado) e o que estamos enfrentando é, certamente, um evento de extinção global significativa'', afirma o professor Alex Rogers.

O relatório observa ainda que eventos anteriores de extinção em massa tiveram ligação com tendências que estão ocorrendo atualmente, como distúrbios no ciclo de carbono, acidificação e baixa concentração de oxigênio na água.

Os níveis de CO2 que estão sendo absorvidos pelos oceanos já são bem mais altos que aqueles registrados durante a grande extinção de espécies marinhas que ocorreu há 55 milhões de anos, afirma a pesquisa.

Entre as medidas que o estudo aconselha sejam tomadas imediatamente estão o fim da pesca predatória, especialmente em alto mar, onde, atualmente há pouca regulamentação; mapear e depois reduzir a quantidade de poluentes, como plásticos, fertilizantes agrícolas e detritos humanos; e reduzir de forma acentuada os gases do efeito estufa.

As conclusões do relatório serão apresentadas na sede da ONU, em Nova York, nesta semana, durante um encontro de representantes governamentais sobre reformas na maneira de gerenciar os oceanos.

Acidente aéreo na Rússia mata 44; oito sobrevivem com ferimentos graves

Acidente aéreo na Rússia mata 44; oito sobrevivem com ferimentos graves

"Pedaço de avião que caiu em Petrozavodsk"

Oito pessoas sobreviveram com ferimentos graves a um acidente com um avião Tupolev Tu-134 no noroeste da Rússia na madrugada desta terça-feira e que matou 44 pessoas.

Segundo as autoridades locais, a aeronave caiu em uma estrada a cerca de um quilômetro de distância do aeroporto de Petrozavodsk, na República da Karelia, mas se chocou e pegou fogo.

O avião, operado pela companhia RusAir, voava da capital russa, Moscou, a Petrozavodsk, levando 43 passageiros e 9 tripulantes.

A aeronave conseguiu evitar o choque com algumas casas ao lado da estrada.

Segundo relato de testemunhas à agência de notícias russa Interfax, corpos podiam ser vistos sobre o pavimento da estrada.

Um vídeo gravado por celular momentos após o acidente mostra os destroços da aeronave em chamas.

Contatos perdidos

Segundo o governo russo, entre os sobreviventes está um menino de dez anos e uma aeromoça.

Os contatos do avião com os controladores de voo foram perdidos às 23h40 de segunda-feira (16h40 de Brasília).

Segundo um diretor do aeroporto de Petrozavodsk citado pela agência Interfax, as condições meteorológicas na região eram desfavoráveis e o avião descia para o pouso em meio a uma espessa neblina.

Não se sabe se o avião tentou pousar na estrada ou se simplesmente caiu no local.

Uma equipe de investigadores foi enviada de Moscou para o local para analisar as condições do acidente e as caixas-pretas do avião, que foram recuperadas.

A companhia privada RusAir, com sede em Moscou, é especializada em operar voos charter entre o oeste da Rússia e o Leste da Europa.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Novo líder da Al Qaeda segue Bin Laden

Doha, Catar, 20/6/2011 – O objetivo da rede extremista Al Qaeda de lutar contra Estados Unidos, Israel e seus aliados foi reafirmado pelo novo chefe da organização, o egípcio Ayman al-Zawahiri. "Com ajuda de Deus promovemos a religião da verdade e exortamos nossa nação a lutar e levar adiante a jihad contra os invasores apóstatas, encabeçados pela cruzada dos Estados Unidos, seu servente Israel e todos os que os ajudam", afirmou.

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A organização continuará lutando contra Israel e os Estados Unidos, diz o comunicado divulgado na semana passada pela organização. "O comando geral da Al Qaeda anuncia que, após consultas, designou o xeque Ayman al-Zawahiri chefe da organização", diz a declaração publicada no site. Forças especiais norte-americanas mataram Bin Laden no dia 2 de maio em um ataque à casa em que se encontrava, na cidade paquistanesa de Abbottabad.

É desconhecido o atual paradeiro de Al-Zawahiri, mas acredita-se que se esconda na fronteira entre Afeganistão e Paquistão. Washington oferece recompensa de US$ 25 milhões por qualquer informação que permita sua captura. "Há algumas semanas, quando esteve o Paquistão, a secretária de Estado, Hillary Clinton, entregou ao governo uma lista com vários nomes", informou Imtiaz Tyab, correspondente da Al Jazeera em Islamabad. "Dela constam cinco nomes, incluindo o de Al-Zawahiri. Não sabemos se isto significa que ele está no Paquistão, mas o assunto apresenta algumas dúvidas", disse Tyab.

O novo líder da Al Qaeda conheceu Bin Laden no Paquistão, em meados da década de 1980, quando ambos apoiavam os insurgentes que lutavam contra a invasão da hoje extinta União Soviética no Afeganistão. O novo líder da Al Qaeda jurou, no começo deste mês, prosseguir a campanha contra os Estados Unidos e seus aliados, em sua primeira aparição pública após a morte de Bin Laden. "O xeque partiu como mártir, que Deus o tenha. Devemos seguir seu caminho, o da jihad para expulsar os invasores da terra dos muçulmanos e purificá-la da injustiça", disse em uma mensagem em vídeo postada na internet. "Hoje, graças a deus, os Estados Unidos não têm de enfrentar uma pessoa ou uma organização, mas uma nação rebelde que despertou de seu sono em um renascimento jihadista, desafiando-os onde quer que estejam", acrescentou.

A Al Qaeda "apoia o levante de nosso oprimido povo muçulmano contra líderes corruptos e tiranos que fizeram sofrer nossa nação no Egito, Tunísia, Líbia, Iêmen, Síria e Marrocos", diz a declaração. Além disso, incentiva sua "luta até a queda dos regimes corruptos que o Ocidente introduziu em nossos países".

Contudo, a Primavera Árabe dizimou a Al Qaeda em muitos países árabes, segundo Ayman Mohyeldin, correspondente da Al Jazeera na capital do Egito, onde a revolta popular derrubou, em fevereiro, o regime do presidente Hosni Mubarak. "Foi um golpe significativo contra a ideologia da Al Qaeda", afirmou. "Muitas pessoas consideram que a organização perdeu impulso e apoio no mundo árabe porque as revoluções conseguiram mudanças sem recorrer à violência", explicou. Envolverde/IPS

* Publicado sob acordo com a Al Jazeera.